domingo, 5 de abril de 2009

Renascença na Inglaterra

Willian Shakespeare difundiu uma literatura voltada ao público popular, abordando temas diversos, mantendo ainda a configuração teatral medieval, porém reciclando o conteúdo de seus espetáculos. Essa tendência foi adquirida graças ao momento histórico da Inglaterra, sua política e seu povo. Nessa época a Inglaterra, governada pela rainha Elizabeth I (1558 – 1603), tinha uma das melhores economias do mundo e isso inevitavelmente se refletia na educação e no desenvolvimento cultural.
Os jovens escritores da época se aventuravam a apresentar suas peças nos teatros de Londres recém construídos, entre eles The Globe, The Theatre e The Rose, cujas estruturas eram bem peculiares: feitos para receber Sua Majestade e um número vasto de pessoas.
O teatro renascentista sentia o peso da quebra com a religiosidade. Os atores e diretores eram protegidos por pessoas de alto escalão na corte e da nobreza, que de um jeito ou de outro permitiam a continuidade das apresentações, de forma que, por certo período, as peças ocorreram diariamente sem problema algum. Entre outros temas polêmicos, Shakespeare escreveu Hamlet, cuja trama mostra um jovem príncipe da Dinamarca em dúvida se prefere o conforto tangente do poder ou se opta pelos riscos de uma grande aventura. Indeciso, ele se indaga: “Ser ou não ser, eis a questão”. Em Romeu e Julieta, o autor desafia normas sociais que ditavam regras para o casamento, provando que o amor deve ser um sentimento ministrado de maneira individualista.
Estudiosos dizem que se por um acaso houvesse perda total dos documentos que falam a respeito da raça humana, bastariam as peças oriundas desse poeta magistral para descrever o homem.
Os teatros só reabririam as portas após vinte anos, apresentando peças de George Eterege (1634 – 1691) e John Dryden (1631 – 1700).
FONTE: http://marcosalves.arteblog.com.br/39838/Teatro-Renascentista/

Commedia Dell’Arte

Nascida na Itália, a Commedia Dell’Arte trouxe de volta um pouco da pantomima, do ridículo e da vulgaridade que as comédias primitivas gregas expunham após as Tragédias Gregas no tempo do Império Romano. Porém, a diferença estava nos trajes carnavalescos, nos temas abordados, na alegria e euforia que dominavam os palcos do século XVI.



Os Artistas da Commedia Dell'Arte deram à atividade teatral organização profissional, estruturas e normas que se incorporaram a todo o teatro posterior. Abriram espaço para a participação das mulheres no elenco, criaram um público estável e uma linguagem própria, que transcende a palavra ou o texto poético. Difundiu-se pela Europa ao longo dos 200 anos seguintes. Algumas de suas características, como a improvisação e o emprego de personagens fixos, levaram certos especialistas a entendê-la como herdeira da Fábula Atelana, farsa popular da antiguidade romana, embora tal parentesco não tenha sido historicamente comprovado.
O Teatro de corte italiano, ao qual não faltavam recursos materiais, promoveu a valorização da cenografia em detrimento do ator e evoluiu para a ópera e o balé. Os profissionais da commedia dell'arte, sem recursos para ricas produções, tornaram-se grandes intérpretes e levaram a teatralidade a sua expressão mais elevada. A ausência de unidade lingüística na Itália pós-renascentista favoreceu o predomínio da expressão corporal sobre o texto, fato que imprimiu aos espetáculos sua vitalidade cênica característica.


As companhias eram formadas por 10 a 12 atores desempenhavam papéis fixos, tocavam, cantavam e dançavam, dominavam a mímica e a acrobacia. O texto funcionava como roteiro indicativo do enredo, pois o que dominava a cena era a improvisação. As peças giravam em torno de desencontros amorosos, com inesperado final feliz. Os personagens eram arquétipos: os enamorados, o doutor, o velho, (Pantaleone), os criados (Arlequim, Polichinelo e Colombina) entre outros. Os tipos eram caracterizados por indumentárias e máscara próprias de cada personagens.
Os reis e rainhas não tinham mais o seu próprio menestrel, pois preferiam se dirigir aos simples teatros com toda a pompa de uma majestade para assistir junto com os seus súditos às engraçadas peças teatrais que buscavam abordar os temas mais surpreendentes. Esse gênero pedia muitíssimo de seu intérprete, pois esse tinha que seguir a risca o roteiro, porém, preocupando-se com o público, que pagava o ingresso somente para rir. Caso percebesse que o público não estava achando engraçado o roteiro original, podia improvisar caso tivesse alguma idéia realmente engraçada.
As mulheres eram proibidas de atuarem no palco, de forma que os homens é que faziam os papeis femininos. Para ficar mais real, os homens efeminados eram convidados para o papel das donzelas, o que deixava as cenas ainda mais engraçadas para o público. Os atores se engajavam dentro de uma companhia de teatro e tornavam-se famosos por um estilo único de personagem. Assim que um ator se especializava em interpretar um tipo de personagem, só fazia esse tipo até o final de sua carreira. O teatro trazia sempre os mesmos tipos de personagem em suas comédias: o Pantaleão, o Arlequim, o Criado, o Doutor, o Capitão, a Colombina, a Noiva, a Ama, o Pai da Noiva e o Herói, constituindo sempre os mesmos tipos de roteiro. Normalmente os roteiros da Commedia Dell’Arte tratavam de contar a história de dois namorados que lutavam contra a negação dos pais, enfrentando assim uma série de problemas para se casarem. Foi na Commedia Dell’Arte que o inglês William Shakespeare (1564 – 1616) buscou inspiração para seus espetáculos teatrais, pois, apesar do sucesso das comédias, os dramaturgos tinham vontade de alçar vôos bem maiores, escrevendo textos com temas mais profundos, com uma linguagem mais bem formulada e não vulgar. Shakespeare, certo da necessidade de elevar o nível das peças apresentadas, em plena era da Commedia Dell’Arte, teve a coragem de utilizar os temas esdrúxulos e ridicularizados na comédia em novas abordagens, com textos ricos, poéticos e dramáticos.
Foi o caso do espetáculo Romeu e Julieta, que, seguindo o tema abordado pela maioria das comédias (guerra entre duas famílias e um amor impossível), foi apresentado ao público com um forte teor dramático, causando furor na época, por causa das belezas poéticas e da concepção tocante, que agradou até mesmo Sua Majestade. Porém, a Commedia Dell’arte teve o papel fundamental dentro da sociedade de desmistificar o teatro, que durante séculos seguiu um padrão extremamente opressor e paradigmático, abrindo as portas para uma nova forma de dramaturgia, sem os dogmas que, durante muito tempo, impossibilitaram a criação livre de dramaturgos e encenadores. A Commedia Dell’Arte serviu de inspiração para autores como Carlo Goldoni (1707 – 1793), autor de Mirandolina, que, entre outros notáveis, ajudou a criar a concepção da Comédia de Costumes, um estilo realista de comédia, mais responsável e mais restrito no que se diz respeito ao uso da improvisação.
No Brasil, a comédia de costumes tem em Martins Pena, autor de O Noviço e Os Três Médicos, e França Júnior (1838 – 1890), autor de Os Tipos da Atualidade e Como se Fazia um Deputado os pontífices desse gênero, que, temperado com muita ironia e caricatura, tornou-se tradição no país no final do século XIX.
A Commedia Dell’arte também é vista como a precursora de diversas vertentes de teatro do povo, que culminaram no mito Shakespeare, cujas comédias (como Alegres Comadres de Windsor) fazem sucesso até hoje.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Treatro Renascentista

Do século XV ao XVI. Prolongou-se, em alguns países, até o início do século XVII. O teatro erudito, imitando modelos greco-romanos, era muito acadêmico, com linguagem pomposa e temática sem originalidade. Mas, em vários países, o teatro popular manteve viva a herança medieval. As peças eram cheias de ação e vigor, e o ser humano era o centro das preocupações.

Levando em consideração a difícil missão da igreja católica de divulgar sua seita e ser compreendida, iniciou-se uma busca incessante por novos meios de transmitir a palavra de um deus único, de forma que os católicos começaram a colocar em prática toda e qualquer iniciativa que, por ventura, estivesse apta a contradizer os costumes seculares da humanidade em prol de um cristianismo recém descoberto.

Os poetas, atores, cantores e malabaristas sentiram a necessidade de se unirem, misturando-se em círculos de amizade, de forma que os artistas começaram a trocar informações, ensinando e aprendendo técnicas diferentes de se fazer arte. A comédia havia sido restringida aos palácios dos senhores feudais, de forma que, para uma boa concepção cênica, havia a necessidade do artista ser completo para poder agradar seu senhor.

Assim surgiu o menestrel, uma modalidade de artista que, versátil, procurava entreter o público e seu senhor com seu vasto talento, dançando, fazendo acrobacia, declamando, cantando, encenando e criando a todo instantes novas piadas para divertir aqueles que o assistiam.

Como o clero bania os artistas desse naipe, não permitindo essa forma de arte, muitos artistas ganhavam a vida fazendo arte nas estradas, muitas vezes em troca de comida e moradia. A igreja tinha o poder total e assim utilizava a arte cênica para ensinar e desenvolver temas religiosos, orientando as pessoas mais simples a seguir aquela idéia de moralidade, manipulando homens e mulheres, ensinando os sete pecados capitais, as histórias do velho testamento e as representações dos demônios na terra.

Até mesmo as comédias eram utilizadas para demonstrar ao público as pérfidas conseqüências da heresia, o que, conseqüentemente causava medo na platéia, fazendo com que todos seguissem os passos do cristianismo sem contrariar nem questionar.

Os temas bíblicos eram abordados em autos, que, ao serem encenados, traziam a tona mistérios e elucidações referentes aos temas religiosos, como o fim do mundo e o juízo final, que no século X criou grande suspense em toda a civilização cristã. As apresentações eram feitas primeiramente em igrejas, porém, com o passar dos anos, tornou-se necessário criar ambientes próprios para as apresentações, já que alguns espetáculos contavam com dezenas de atores e uma grande estrutura, com efeitos especiais, surpreendentes efeitos ilusórios e máquinas inovadoras, que deixavam o público enfeitiçado e mais envolvido com a fé. Já as paixões contavam a vida de santos e pessoas importantes do mundo cristão. Eram verdadeiras biografias que duravam semanas, apresentadas em diversos capítulos, em praça pública, ou em grandes teatros, cujos palcos davam maior mobilidade aos inúmeros cenários, possibilitando truques como aparições milagrosas, aparições de santos e demônios, que enriqueciam bastante as apresentações. Sem dúvida, o teatro medieval contribuiu muito para o enriquecimento da arte cênica em seus aspectos principais.

Os detalhes ganharam uma importância maior: a iluminação, feita com velas e candelabros, passou a ser encarada como parte da concepção do cenário e o figurino ficou mais luxuoso.
Na platéia, o público ganhou camarotes, locais reservados para pessoas importantes, o que ainda não havia sido utilizado, e para os atores, camarins com maquilagem, que os ajudava a constituir os personagens, sem a necessidade de uma máscara.

No final da idade média, quando os estados começaram a se formar, dando inicio a renascença, a burguesia começou a mostrar a sua tendência ao crescimento.

Começaram a surgir companhias de teatro, pois o artista sozinho tinha mais dificuldade de obter um bom trabalho, a não ser o emprego como menestrel e bobo da corte, que se tornavam escassos.

O crescimento das cidades proporcionava, no século XVI, a expansão do teatro. Além disso, a renascença possibilitava a emancipação da arte em relação aos dogmas católicos. Assim, o teatro se revolucionou, com obras históricas, cujos autores foram buscar nos clássicos gregos e romanos suas inspirações. É o caso do italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527), um dos grandes filósofos imanentistas do chamado “século de ouro”, autor da peça teatral A Mandrágora. Maquiavel buscava a todo custo explicar as contradições de sua sociedade, não utilizando um apelo transcendental (de deuses e dogmas misteriosos) mas sim com explicações científicas reais. Com isso, Maquiavel tornou-se um dos pensadores mais respeitáveis de seu tempo, especialista em política, escrevendo textos didáticos e literários a respeito do tema. (veja os livros Discursos Sobre a Primeira Década de Tito Lívio e O Príncipe).

Junto com Ludovico Ariosto (1474 – 1533) e Pietro Arentino (1492 – 1556), inspirados em Plauto e Terêncio, Maquiavel constituiu a nova cultura, que na Itália desabrochou mais rápido que outros países da Europa.

Paralelamente, companhias grandes de teatro faziam sucesso pela capital da Espanha, enquanto o enriquecimento dos banqueiros dava respaldo para um crescimento estrondoso do movimento artístico europeu. Porém, a religiosidade ainda estava presente nas obras artísticas de vários países europeus, como Portugal por exemplo, que tinha em Gil Vicente (1465 – 1536), autor de

O Auto da Barca do Inferno, seu maior exemplo de autor eclesiástico. Entre os espanhóis, alguns dos mais conhecidos eram Tirso de Molina (1584 – 1648), Lope de Vega (1562 – 1635) e Miguel de Cervantes (1547 – 1616), autor de Numância e Dom Quixote.

No Brasil, o poeta espanhol José de Anchieta (1534 – 1597) utilizava-se do drama religioso para catequizar os índios. Com os novos tempos, houve uma estruturação dos padrões cênicos, de forma que Lope de Vega, contra a Poética de Aristóteles, aboliu os elementos Tempo e Lugar de seus textos, também criando espetáculos mais enxutos, de três atos no máximo.

O ineditismo começava a afrontar os tradicionalistas do teatro espanhol e assim, Cervantes, rompeu com Vega, mantendo-se fiel às suas concepções. Vega defendia a Comedia Nueva (Comédia Nova) voltada para o grande público, encenada em teatros públicos, com cenários simples e mambembes. A partir dessa nova concepção, os espetáculos ficaram mais curtos, com aproximadamente duas horas de duração e isso possibilitou que um espetáculo fosse apresentado várias vezes numa mesma semana num mesmo teatro, dando oportunidade para todos assistirem a peça antes que ela fosse para outro local de apresentação. Porém, como a

Comédia Nova se apresentava de maneira muito erudita tanto na Itália como na Espanha, houve a necessidade de se realizar algo mais acessível ao público não-burguês, de forma que assim surgiu a Commedia Dell’Arte.