quarta-feira, 1 de abril de 2009

Treatro Renascentista

Do século XV ao XVI. Prolongou-se, em alguns países, até o início do século XVII. O teatro erudito, imitando modelos greco-romanos, era muito acadêmico, com linguagem pomposa e temática sem originalidade. Mas, em vários países, o teatro popular manteve viva a herança medieval. As peças eram cheias de ação e vigor, e o ser humano era o centro das preocupações.

Levando em consideração a difícil missão da igreja católica de divulgar sua seita e ser compreendida, iniciou-se uma busca incessante por novos meios de transmitir a palavra de um deus único, de forma que os católicos começaram a colocar em prática toda e qualquer iniciativa que, por ventura, estivesse apta a contradizer os costumes seculares da humanidade em prol de um cristianismo recém descoberto.

Os poetas, atores, cantores e malabaristas sentiram a necessidade de se unirem, misturando-se em círculos de amizade, de forma que os artistas começaram a trocar informações, ensinando e aprendendo técnicas diferentes de se fazer arte. A comédia havia sido restringida aos palácios dos senhores feudais, de forma que, para uma boa concepção cênica, havia a necessidade do artista ser completo para poder agradar seu senhor.

Assim surgiu o menestrel, uma modalidade de artista que, versátil, procurava entreter o público e seu senhor com seu vasto talento, dançando, fazendo acrobacia, declamando, cantando, encenando e criando a todo instantes novas piadas para divertir aqueles que o assistiam.

Como o clero bania os artistas desse naipe, não permitindo essa forma de arte, muitos artistas ganhavam a vida fazendo arte nas estradas, muitas vezes em troca de comida e moradia. A igreja tinha o poder total e assim utilizava a arte cênica para ensinar e desenvolver temas religiosos, orientando as pessoas mais simples a seguir aquela idéia de moralidade, manipulando homens e mulheres, ensinando os sete pecados capitais, as histórias do velho testamento e as representações dos demônios na terra.

Até mesmo as comédias eram utilizadas para demonstrar ao público as pérfidas conseqüências da heresia, o que, conseqüentemente causava medo na platéia, fazendo com que todos seguissem os passos do cristianismo sem contrariar nem questionar.

Os temas bíblicos eram abordados em autos, que, ao serem encenados, traziam a tona mistérios e elucidações referentes aos temas religiosos, como o fim do mundo e o juízo final, que no século X criou grande suspense em toda a civilização cristã. As apresentações eram feitas primeiramente em igrejas, porém, com o passar dos anos, tornou-se necessário criar ambientes próprios para as apresentações, já que alguns espetáculos contavam com dezenas de atores e uma grande estrutura, com efeitos especiais, surpreendentes efeitos ilusórios e máquinas inovadoras, que deixavam o público enfeitiçado e mais envolvido com a fé. Já as paixões contavam a vida de santos e pessoas importantes do mundo cristão. Eram verdadeiras biografias que duravam semanas, apresentadas em diversos capítulos, em praça pública, ou em grandes teatros, cujos palcos davam maior mobilidade aos inúmeros cenários, possibilitando truques como aparições milagrosas, aparições de santos e demônios, que enriqueciam bastante as apresentações. Sem dúvida, o teatro medieval contribuiu muito para o enriquecimento da arte cênica em seus aspectos principais.

Os detalhes ganharam uma importância maior: a iluminação, feita com velas e candelabros, passou a ser encarada como parte da concepção do cenário e o figurino ficou mais luxuoso.
Na platéia, o público ganhou camarotes, locais reservados para pessoas importantes, o que ainda não havia sido utilizado, e para os atores, camarins com maquilagem, que os ajudava a constituir os personagens, sem a necessidade de uma máscara.

No final da idade média, quando os estados começaram a se formar, dando inicio a renascença, a burguesia começou a mostrar a sua tendência ao crescimento.

Começaram a surgir companhias de teatro, pois o artista sozinho tinha mais dificuldade de obter um bom trabalho, a não ser o emprego como menestrel e bobo da corte, que se tornavam escassos.

O crescimento das cidades proporcionava, no século XVI, a expansão do teatro. Além disso, a renascença possibilitava a emancipação da arte em relação aos dogmas católicos. Assim, o teatro se revolucionou, com obras históricas, cujos autores foram buscar nos clássicos gregos e romanos suas inspirações. É o caso do italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527), um dos grandes filósofos imanentistas do chamado “século de ouro”, autor da peça teatral A Mandrágora. Maquiavel buscava a todo custo explicar as contradições de sua sociedade, não utilizando um apelo transcendental (de deuses e dogmas misteriosos) mas sim com explicações científicas reais. Com isso, Maquiavel tornou-se um dos pensadores mais respeitáveis de seu tempo, especialista em política, escrevendo textos didáticos e literários a respeito do tema. (veja os livros Discursos Sobre a Primeira Década de Tito Lívio e O Príncipe).

Junto com Ludovico Ariosto (1474 – 1533) e Pietro Arentino (1492 – 1556), inspirados em Plauto e Terêncio, Maquiavel constituiu a nova cultura, que na Itália desabrochou mais rápido que outros países da Europa.

Paralelamente, companhias grandes de teatro faziam sucesso pela capital da Espanha, enquanto o enriquecimento dos banqueiros dava respaldo para um crescimento estrondoso do movimento artístico europeu. Porém, a religiosidade ainda estava presente nas obras artísticas de vários países europeus, como Portugal por exemplo, que tinha em Gil Vicente (1465 – 1536), autor de

O Auto da Barca do Inferno, seu maior exemplo de autor eclesiástico. Entre os espanhóis, alguns dos mais conhecidos eram Tirso de Molina (1584 – 1648), Lope de Vega (1562 – 1635) e Miguel de Cervantes (1547 – 1616), autor de Numância e Dom Quixote.

No Brasil, o poeta espanhol José de Anchieta (1534 – 1597) utilizava-se do drama religioso para catequizar os índios. Com os novos tempos, houve uma estruturação dos padrões cênicos, de forma que Lope de Vega, contra a Poética de Aristóteles, aboliu os elementos Tempo e Lugar de seus textos, também criando espetáculos mais enxutos, de três atos no máximo.

O ineditismo começava a afrontar os tradicionalistas do teatro espanhol e assim, Cervantes, rompeu com Vega, mantendo-se fiel às suas concepções. Vega defendia a Comedia Nueva (Comédia Nova) voltada para o grande público, encenada em teatros públicos, com cenários simples e mambembes. A partir dessa nova concepção, os espetáculos ficaram mais curtos, com aproximadamente duas horas de duração e isso possibilitou que um espetáculo fosse apresentado várias vezes numa mesma semana num mesmo teatro, dando oportunidade para todos assistirem a peça antes que ela fosse para outro local de apresentação. Porém, como a

Comédia Nova se apresentava de maneira muito erudita tanto na Itália como na Espanha, houve a necessidade de se realizar algo mais acessível ao público não-burguês, de forma que assim surgiu a Commedia Dell’Arte.

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